O representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura em Moçambique (FAO, na sigla ________(1)) defendeu hoje uma resposta conjunta entre os países da África Austral para fazer face à praga de gafanhotos na região, alertando para a sua rápida propagação.
Os "insetos deslocam-se muito rapidamente e ________(2) atravessar as fronteiras sem que ninguém perceba em menos de 24 horas. Portanto, ________(3) parte da coordenação regional é uma componente muito importante ________(4) travar a propagação", disse Hernâni Coelho da Silva, em entrevista à Lusa em Maputo.
Na África Austral, além de Maláui e Tanzânia, a praga do "gafanhoto vermelho" já afeta quatro distritos de duas províncias de Moçambique, nomeadamente Sofala e Niassa.
Após uma informação reportada pela FAO sobre a eclosão da praga em alguns países ________(5) região, o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural moçambicano lançou em julho um "alerta máximo" para a região fronteiriça entre Moçambique e Maláui, avançando que a praga pode constituir perigo para a segurança alimentar.
As zonas de maior risco em Moçambique são os distritos de Buzi e Macanhelas.
Com uma capacidade reprodutiva muito alta, o peso médio do gafanhoto vermelho é de dois gramas e, por dia, o inseto consome a mesma quantidade de "tudo que é verde".
"Imagine se tivermos uma tonelada de gafanhotos vermelhos acumulados numa zona, eles podem comer as plantas em quantidades que seriam suficientes para alimentar 2500 pessoas. Temos de estar muito atentos e tomar medidas atempadas", frisou o representante da FAO em Moçambique.
Além de coordenar uma resposta regional face à praga, a FAO quer reforçar a capacidade técnica dos países e disponibilizar produtos necessários para a conter, mas é preciso prestar atenção às consequências para o ecossistema.
"Se forem utilizados produtos químicos que não são adequados a circunstância em que as pragas estão poderão afetar o ecossistema no seu todo. Portanto, a padronização da resposta e o conhecimento são muito importantes", declarou Hernâni Coelho da Silva.
A última praga que atingiu Moçambique data de 2010 e, pelo menos, 300 hectares de culturas diversas foram destruídas, um número consideravelmente baixo, tendo em conta que a praga chegou ao país num momento em que a colheita tinha sido feita.
Como forma de resistir aos altos índices de pobreza e à desnutrição crónica, a maior parte da população moçambicana, que vive em zonas rurais, recorre à agricultura de subsistência como único meio para fugir a fome.
"Perto de 66% da população vive nas zonas rurais e 90% dessa população depende da agricultura. Mas a nossa produtividade em Moçambique está ainda para além da média da produção em África", observou Hernâni Coelho da Silva.
Com as restrições impostas pelo novo coronavírus, a FAO teme que os esforços para reforçar a capacidade dos pequenos agricultores e apoiar o setor sejam severamente afetados.
Fonte do texto: https://www.rtp.pt/noticias, 14/8/20
(texto adaptado).
Imagem: www.rm.co.mz (11/11/20)